ANÁLISE DE ÁLBUM
Powerslave (1984)
Iron Maiden
Classificação:
Tracklist:
1. Aces High
2. 2 Minutes to Midnight
3. Losfer Words (Big ‘Orra)
4. Flash of the Blade
5. The Duellists
6. Back in the Village
7. Powerslave
8. Rime of the Ancient Mariner
Há exatos 25 anos, os ingleses do Iron Maiden consolidavam este nome dentre os gigantes históricos não só heavy metal como de toda a cena rock mundial. O álbum Powerslave foi lançado em 3 de setembro de 1984, no quinto ano consecutivo com gravações inéditas da banda, que dois anos antes estourava mundialmente com o clássico The Number of the Beast e buscava claramente a própria superação em 1983 com Piece of Mind, outra magnífica e intrincada produção.
Ao longo da década de 80, o Iron Maiden notabilizou-se por lançar álbuns conceituais, produções cujas músicas tinham uma unidade temática e sonora. Powerslave, seu primeiro álbum produzido com uma formação inalterada em relação ao anterior, foi mais uma dessas obras primas de um jeito único de fazer heavy metal. Abrindo a tracklist, surge a música mais clássica da banda: “Aces High”, que irrompe com um riff épico, seguido de um dos solos mais notórios do estilo, por sua rapidez e vigor. Seu videoclipe só confirma a ideia de altura contida antes pela imaginação do ouvinte. Mesclam-se imagens do Iron em palco com cenas em preto e branco das batalhas aéreas entre ingleses e alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
Outro destaque histórico é “2 Minutes to Midnight”, o segundo single e clipe do álbum. A letra contem forte retórica anti-guerra, ironizando e criminalizando os “falcões”, cujos lucros com o armamentismo sempre foram evidentes. Seguem-se “Losfer Words”, o melhor e mais animado instrumental do conjunto inglês, “Flash of the Blade”, uma composição medievalista de Bruce Dickinson, e “The Duellists”, canção épica com predominância de solos que vão evoluindo a atmosfera da música. Estas duas faixas tratam de cavaleiros que lutam até a morte por honra.
O lado B do álbum é aberto por “Back in the Village”, composição do genial guitarrista Adrian Smith e de Dickinson, cuja incontestável qualidade não costuma ser comentada pelos fãs. Na faixa título, o personagem destacado é um faraó em agonia, que contrasta a imensidão de seu poderio terreno com sua limitação de humano, portanto mortal. O instrumental é um dos mais pesados já ostentado na discografia da banda.
Na faixa de encerramento está “Rime of the Ancient Mariner”, a música mais longa da história do Maiden, com mais de 13 minutos e meio. É uma adaptação do “Conto do Velho Marinheiro”, produzido pelo escritor Samuel Taylor Coleridge no século XVIII. Seu personagem, durante uma viagem, atira por diversão em um albatroz (ave dos mares meridionais, apresentada como sendo a portadora da boa nova). Tem início uma maldição que deixa o navio à deriva, enquanto duzentos tripulantes morrem, um a um. O assassino do albatroz é o único sobrevivente, que depois de velho conta a história em uma festa de casamento, passando a lição sobre respeitar a natureza e as criaturas de Deus.
Com letras inteligentes e pegada incomparável casada com riqueza melódica, Powerslave pode tranquilamente ser considerado o melhor álbum do Iron Maiden. Dentre suas oito músicas, totalizando cerca de 50 minutos, quatro foram eternizadas dentre os clássicos da banda (as duas primeiras – verdadeiros hinos do metal – e as duas últimas). Sua turnê, a World Slavery Tour, foi a mais extensa realizada pelo grupo, que levou seu nome aos cinco continentes (visitando o Brasil pela primeira vez) durante 13 meses, com média de seis shows por semana. De acordo com o líder e baixista Steve Harris, no fim de 1985 o desgaste era tamanho que o vocalista Bruce Dickinson não conseguia compor nada coerente para o álbum seguinte (Somewhere in Time, 1986). Sem sombra de dúvida, o momento pode ser definido como o auge para o então quinteto. E para uma produção que foi o ápice de uma das bandas mais magistrais do rock internacional, cinco estrelas podem ser consideradas pouco.
Por Herman Christopher